segunda-feira, setembro 22, 2025

Uma duas - Eliane Brum


Certo dia, na Livraria da Travessa, disse ao B que achava que este livro seria a cara dele, após ter lido a sinopse. Acabei por lê-lo primeiro que ele e simplesmente achei ótimo. 

O livro fala sobre a dificílima relação entre uma mãe e uma filha. O Goodreads diz:

"Como é tecida a trama de ódio e afeto entre duas mulheres (des)unidas pela carne? Uma duas é um retrato expressionista tão dramático quanto nauseante que foge de clichês e eufemismos que costumam cercar o tema. Dotada de um humanismo visceral, a autora entrelaça os narradores do mesmo modo que o acaso embaralha integrantes de uma família numa teia de subjetividades".

Pois o livro é tudo isto e muito mais. É psicanalítico, é disruptivo, vira os conceitos de amor e ódio  do avesso. Acabei o livro a chorar. Adorei.

19/20


O que te pertence - Garth Greenwell

Talvez eu tenha um problema com livros em que não gosto do personagem principal, neste caso um professor americano que conhece Mitko, um jovem prostituto carismático num zona de cruising e cria uma obsessão. Desejo e angústia é o mote que vem com a busca de intimidade e amor que não chegam. No processo é-nos dada a saber a historia deste professor,  as suas experiências formadoras de amor, a rejeição pela família e amigos e as dificuldades de se crescer como gay nos anos 90.

Podia ter sido mais emocional, ou erótico ou intenso. Falhou em cativar-me. 


13/20

Os abismos - Pilar Quintana


Este segundo romance de Pilar Quintana fala sobre os abismos que vivem na obscuridade do mundo dos adultos relatados através do ponto de vista de uma menina - Cláudia como a sua mãe - que, desde a memória de sua vida familiar, tenta compreender a estranha relação entre seus pais. Das suas observações revela-se a matriz de um mundo feminino preso a um ciclo vicioso de que não pode ou não sabe escapar. Acaba por ser um livro sobre a queda eminente de cada um desde os degraus da sua infelicidade.  Achei interessante, mas não me senti cativado por nenhum personagem. 

14/20

A cabeça do Santo - Socorro Acioli


Tive muito prazer a ler este livro. No início não  sabia bem qual o rumo que ia tomar, mas no final a sensação é muito boa. É cómico, espiritual, dramático, paranormal, brutal, terno.

O enredo: A Cabeça do Santo conta a história de Samuel que viaja até a cidade de Candeias pedido de sua mãe no leito de morte, para que o jovem encontre sua avó. Ao chegar na cidade, um temporal atinge o local e o único lugar em que o jovem encontra para se abrigar é em uma enorme cabeça abandonada em um canto isolado, que seria uma estátua de Santo António.

A partir deste enredo as personagens apresentadas são muito bem urdidas para construir uma história densa e bem estruturada, apesar de surreal, mas que passará a ser credível se assim quisermos.

17/20

Nada cresce ao Luar - Torborg Nedreaas


Fui ler este livro motivado pela curiosidade de o Pedro Almodovar (realizador) ter gostado bastante do mesmo. A história começa com um homem anónimo que se sente atraído por uma bela e solitária desconhecida que vê no átrio de uma estação ferroviária, e a quem oferece ajuda. Ela acompanha-o até casa e, durante uma noite inebriante de vinho e cigarros, conta-lhe a história devastadora da sua vida. 

Esta mulher é uma alma despedaçada cujo destino comeca quando aos 17 anos se torna do professor de liceu. O desgoverno começa com um amor não correspondido e com uma obsessão descontrolada. É suposto durante a sua narrativa sermos tomados pelo significado de uma mulher navegar numa sociedade opressiva feita para homens, num sistema capitalista e patriarcal que obriga as mulheres a desempenhar papéis que as tornam emocional e economicamente dependentes.

Eu basicamente vi uma mulher com um comportamento autodestrutivo que, em virtude do seu amor alienado, se coloca em posição de abuso constante. Não consegui ter simpatia prlo personagem e o livro acabou por me deixar até irritado. Não obstante, a autora sendo nórdica e escrevendo sobre o início do século, refere-se certamente a uma realidade que não  ressoou comigo.

12/20

O escritório - Frida McFadden


Depois de ler A Criada - que é verdadeiramente fascinante - nem sei bem o que dizer sobre este livro. Não posso dizer que como thriller a ideia seja má. Mas o livro é um aborrecimento desde o início ao fim. As personagens são chatas, escrita é chata, para no final tudo se desenrolar de repente, muito gira a volta e tarde  de mais porque já não se aguenta tanta chatice.

11/20

A cadela - Pilar Quintana

Enredo: Na costa da Colômbia virada ao Pacífico – num lugar onde a paisagem luxuriante contrasta com uma pobreza extrema e o homem é uma migalha diante da força dos elementos – vive Damaris, uma negra com cerca de 40 anos que toda a vida quis ser mãe. A sua relação com o marido tornou-se, aliás, fria e turbulenta à medida que o casal foi sacrificando tudo o que tinha à obsessão de Damaris e, apesar disso, ela nunca conseguiu engravidar. Mas a vida desta mulher frustrada parece encontrar uma réstia de esperança no dia em que adota uma cadela a quem dá todo o seu amor.

A verdade é que, a história simples mas laborada fenomenalmente, cria neste livro uma atmosfera opressiva e o que é dito e tudo o que se sente como sub-reptício, vai crescendo como uma bolha interna de de angústia que impede o luminoso, crescendo, apertando, ocupando espaço interno até ao  desespero. É triste.

16
/20


Lar em chamas - Kamila Shamsie

Não foi fácil entrar neste livro, talvez porque a sua realidade é bem diferente da minha enquanto homem branco e a história é narrada do ponto de vista feminino de uma família islâmica. O livro fala de luta de classes, género, islamofobia, identidade e terrorismo. Só posso dizer que acaba de modo chocante, apesar de brilhante e que a autora se inspirou na peça Antígona de Sófocles para a trama.

O livro trata de duas famílias britânico-paquistanesas que habitam mundos distintos na Londres rica e na Londres pobre. Uma família foi "europeizada" e outra vive na sombra de um pai que optou pelo terrorismos. As suas histórias vão ligar-se de forma dramática. Primeiro estranha-se e depois entranha-se. 


17/20

domingo, setembro 21, 2025

Primeira vez

Foi a primeira vez que em duas semanas de férias li nove livros. Sol, mar, paz e livros. Tudo casou.

terça-feira, setembro 16, 2025

Grécia

Nunca tirei um período de férias tão grande num único lugar. A Grécia nunca decepciona. Mais uma vez encontro coisas de que precisava por estas bandas. Espero que no futuro continue a ser assim. 

sexta-feira, setembro 05, 2025

Uma colega disse algo que me deixou a pensar

Ela ama o marido, mas não gosta do marido. Aquilo fez-me espécie. Mas depois lembrei-me do que a Bell Hooks disse sobre o amor ser uma ação e percebo que ela escolheu e tem o compromisso de amar o marido, mas não sente afinidade ou apreço por ele. Será que é por causa dos filhos? E se não houvesse filhos? Eu custa-me integrar que alguém me ama sem ter apreço por mim, não gostando de mim como pessoa; mas percebo que é possível, o exemplo está ali. Acho triste estar nesse papel (do marido). Na realidade não sei bem o que pensar, o certo é que sinto desconforto perante a ideia. Acho que não quereria estar nesse papel. Mas também não sei qual a implicação de estar nesse papel. É apenas algo em que nunca tinha pensado.

O mundo é estranho

É muito doloroso o acidente que se deu em Lisboa com o elevador da Glória e que ceifou (para já) a vida de 16 pessoas e no mundo multiplicam-se mensagens de pesar. Acho bonito e solidário. Mas no mundo, estamos a viver genocídios en Gaza, Sudão, Birmânia, para elencar alguns e não há pesar em lado nenhum por isto. A hipocrisia social é danada. 

quinta-feira, setembro 04, 2025

Segurança Social

Estive hoje numa Loja do Cidadão para ser atendido pela Segurança Social. As 2h30 de espera deram para perceber, no final do meu atendimento (uns 6 minutos), que o modo de funcionamento da segurança social é super 1992. 

O cultivo de Flores de Plástico - Afonso Cruz

Sou um fã da escrita do Afonso Cruz e como tal acabei de ler mais um livro. Não obstante, este será o livroque menos prazer me deu ler. Poderá ser porque está escrito ao jeito de diálogo de teatro, não sei. 

O livro pretende ser o retrato da vida de sem abrigo na nossa sociedade, ficcionando um grupo de pessoas que dorme junto durante uma noite. Os personagens estão pouco aprofundados e mesmo a crítica social ou a dimensão humana ficam um pouco pela rama.

12/20


terça-feira, setembro 02, 2025

Sobre a eutanásia

Li no Sapo um artigo de um médico de cuidados paliativos (Abel Gabejas) e fiquei a pensar nisso. Tive bastante dificuldade em concordar porque ele, no seu discurso, transforma a eutanásia no oposto da defesa dos cuidados paliativos ou continuados. 

A hipótese é "Num país onde a oferta de cuidados paliativos continua limitada, a possível legalização da eutanásia levanta uma questão preocupante: estar-se-á a propor a morte como substituto de uma presença que falha?"

Termina o artigo com "A eutanásia não é apenas uma questão de direitos individuais. É, acima de tudo, um espelho da ética coletiva que estamos dispostos a sustentar. Que tipo de sistema queremos? Um em que o sofrimento é acompanhado ou um em que o sofrimento é descartável? O sofrimento não pode ser um fim mas um meio para esta aliança de cuidado. Se não garantirmos primeiro a dignidade do cuidado oferecer a morte não será progresso, será desistência: social, institucional e ética. E eu pergunto-me: será isto realmente progresso?"

A eutanásia está a ser diabolizada. Eu tenho direito a não querer viver o resto da minha vida como um dependente ou em dor profunda (porque infelizmente ainda não há resposta para todo o tipo de dor). A eutanásia trata-se disso. A aprovação da eutanásia não impede as pessoas que querem usar cuidados continuados de os requererem.  A linha da dignidade é inerente ao sujeito (como a dada altura ele diz no seu texto) e não à sociedade onde ele se insere. Para lá dos deveres da sociedade para com os seus cidadãos e da dignidade do direitos humanos que tem de ser respeitada a todo o custo, existe uma dimensão pessoal e subjetiva que tem de ser valorizada. 

Eu tenho de respeitar, por exemplo, uma pessoa que não quer viver tetraplégica ou dependente para o resto da vida. Há pessoas que, mesmo nesta condição, conseguem arranjar um propósito na vida, aprendem a pintar com a boca, estudam, entre outras atividades. E fico sinceramente feliz por isto, pelas pessoas que conseguem passar pelo sofrimento sem sofrimento, reacomodando a sua vida. Mas pessoas há que vão sofrer muito emocional e psicologicamente; pessoas para quem ter alguém a alimentá-los, lavá-los, virá-los na cama, limpar as fezes, etc, é um suplício, um tormento, uma tortura.

Parecendo uma comparação tola, é como casamento gay. Os homossexuais não são obrigados a casar, mas essa decisão deve ser sua. Devem poder escolher casar ou não, por isso a lei foi necessária, para haver possibilidade de escolha na gestão privada das vidas afetivas. 

O que me parece mesmo tolo é reduzir a eutanásia à existência de uma sistema de cuidados paliativos ou continuados eficaz. Os países mais avançados socialmente e por isso com maior nível de progresso, permitem optar pelas duas coisas. A linha da dignidade humana definida por cada um (elaborada em função das crenças e convicções de cada um) é que vai ditar a escolha informada, que não deve ser coletiva. Quando se trata de pessoas não existe um "one fits all".

Livros

Com as férias à porta decidi rentabilizar a subscrição Kobo Plus carregando o eReader com 30 livros em português. Não obstante, ainda não deixei de investigar os vencedores e os finalistas dos principais prémios internacionais a ver se algum deles consta no acervo. Ler é bom e voltou-me a vontade de escrever pelo que ler, além do prazer, é também uma necessidade.

sábado, agosto 30, 2025

Bye bye Miss American Pie

Drove my Chevy to the levee, but the levee was dry. 
And them good ole boys were drinkin' whiskey and rye.
Singing this'll be the day that I die, this'll be the day that I die.

terça-feira, agosto 26, 2025

A criada - Freida McFadden

Comecei a ler este livro às 10h e pouco da manhã e terminei às 17h com pausa para o almoço. A linguagem é muito acessível e lê-se como quem bebe água. É sem sombra de dúvida um thriller muito bom, que tem vários plot twists. A autora Freida McFadden consegue manipular a nossa mente e fazer-nos acreditar que estamos a ver o que não estamos, até que ela revela a verdade.    

Uma ex-presidiária consegue o emprego com que sonha na casa de um casal muito rico.  A história acaba (ou começa) com um cadáver. 

18/20

Celeste


On with the show - Celeste

Vera Iaconelli (psicanalista)

"A gente quer tudo previsto e garantido. Na nossa cultura, estamos fazendo isso de um jeito tão obsessivo, que fica difícil viver. Em vez de deixar rolar, ficamos obcecados pela perspetiva do controle."

"Amor é seguir amando mesmo quando o outro não corresponde às suas expectativas. Se ele for só um reflexo delas é puro narcisismo (...) É na diferença que o amor se prova."

sexta-feira, agosto 22, 2025

Quem cospe para o ar...



Champagne Coast - Blood Orange

Quando eu era mais miúdo, o meu irmão adorava música Indie. Eu detestava. Gostava era do pop bem pastilha elástica e tudo o resto era estranho. Durante a pandemia deu-me para isto, adoro música Indie. Quem cospe para o ar...

Diferença de opinião

Quando eu era jovem e tinha um personalidade reprimida, até aí aos meus 20 e poucos anos,  olhava para o meu pai que era espontâneo e feliz e achava-o super "cringe". Ele era capaz de começar a dançar na rua; agarrava na minha mãe e começava a dançar se ouvisse uma música que gostavam (ela também de personalidade reprimida, só queria era fugir dali a sete pés). 

O meu pai cantava onde fosse se estivesse feliz, para cantarmos todos juntos (Ó Laurindinha vem à janela... entre outras canções) e queria ouvir a minha mãe a cantar o fado (como quando num casamento com 400 pessoas, subiu ao palco onde estavam os músicos e disse "quem canta mundo bem o fado é a minha mulher, anda cá cantar"). Eu enchia-me de vergonha e olhava de soslaio e muitas vezes perguntava-lhe se havia necessidade disso. Ele só respondia "estou a  fazer mal a alguém? Se alguém se sentir incomodado há-de dizer, até lá estou só a ser alegre".

O que é certo é que hoje sou eu o "cringe". Canto na rua e nos corredores do trabalho e no balneário do ginásio e também danço na rua se por acaso algo me estimular a isso. Lembro-me, em particular, de uma vez na Suíça (quando fui visitar um amigo que lá vive, mas que trabalhava durante o dia).

Num dos meus passeios sozinho a descer Lausanne em direção ao Lago Genebra, comecei a ouvir no Spotify "Walking on Sunshine" da Katrina & The Waves. Estava um sol radioso e um céu azul e eu senti-me invadido por um sentimento de felicidade e comecei a dançar e a correr enquanto descia a rua. Umas pessoas olhavam em espanto, outras como se fosse maluco, outras sorriam com cumplicidade. Ainda me lembro hoje daquela sensação de felicidade, liberdade e gratidão pela vida que que estava a viver e foi tudo muito espontâneo.

Há quem ache que eu vivo um pouco à sombra daquilo que o meu pai foi ou acreditava ou queria para nós (família), como se a palavra dele fosse lei. Não é lei. Se é uma espécie de Herói? Sim, é. Se ele foi mitificado por mim? Não, porque a experiência não é só minha, mas de todos que se davam com ele. 

O meu pai morreu, eu tinha 24 anos e creio que nunca o compreendi muito bem. Foi depois da morte dele que comecei a compreender muita coisa que me tinha escapado. A perda tem um efeito muito profundo em mim ao nível do questionamento e da descoberta (ou autodescoberta). Descobri uma coisa estupenda. O meu pai era uma pessoa simples, realizada, espontânea, com sabedoria (também era uma pessoa que dizia palavrões, falava alto, fumava, cuspia para o chão e molhava o chão todo da casa de banho a lavar a cara e não limpava). 

A partir dos meus 33 anos quando comecei a ser feliz e realizado, comecei também a fazer coisas cada vez mais espontâneas e comecei a ser mais parecido com o meu pai. É bom quando os nossos pais são um referência para nós porque lhes reconhecemos sabedoria, dignidade, integridade (mesmo que a nossa relação tenha sido marcada por entropias/dificuldades em dado momento). É bom ter referências dos nossos progenitores, porque lhes reconhecemos valor intrínseco e saber que de alguma forma somos parecidos com essas pessoas que cuidaram de nós com esmero.  

Hoje sou "cringe" para uma parcela do mundo exterior e está tudo bem. Por exemplo, ontem vi uma mulher a dançar no ginásio com os auriculares metidos, não sei se aquilo era uma rumba ou uma salsa. Não era muito boa a dançar, mas enquanto algumas pessoas olhavam com riso na cara, eu olhei a sorrir e fiquei absorvido por ela. Achei-a corajosa, livre e espontânea e feliz. Hoje em dia o que eu acho "cringe" não é isto. Há tanta, mas tanta coisa pior.

Diferença de opinião rocks!

Valor.

É importante sabermos o nosso valor. Quando, inadvertidamente ou propositadamente, nos desvalorizam ou as nossas ações, decisões, etc., essa desvalorização não deverá ser mais que um desconforto ou uma desilusão passageira, se soubermos que temos valor (pensado e pesado). 

quinta-feira, agosto 21, 2025

Respirar fundo e continuar.

Tomar notas, respirar fundo e continuar com o mesmo compromisso, vontade e dedicação. É isso.

quarta-feira, agosto 20, 2025

Tudo sobre o amor: Novas Perspetivas - Bell Hooks

Gostei muito de ler este livro que discute o amor e o ato de amor de forma científica pela perspetiva das ciências sociais. É muito interessante e levanta questões muito importantes na sociedade moderna (apesar de ter já 25 anos). Apesar de ser um livro de pensamento crítico, o fato de a experiência da própria como base para questionamento, acaba por lhe dar um cunho de guia de autoajuda para compreender o que é o amor, o que precisamos e o que podemos dar. 

A ideia base a toda a argumentação é a de que o amor não é um sentimento, mas sum uma ação. Ela define o amor como "a vontade de se expandir com o objetivo de nutrir o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa... O amor é um ato de vontade, ou seja, tanto uma intenção como uma ação. A vontade também implica escolha. Não temos de amar. Escolhemos amar". 

16/20

Aula de cerâmica

Desde que nos conhecemos que o B falava em fazermos uma aula de cerâmica juntos. Finalmente aconteceu ontem. Foi um sensação muito boa estar a modelar com as mãos e pintar peças de barros. Se tudo correu bem, eu vou ter um combo brunch (caneca e prato de tosta) e ainda um castiçal para velas. Foram umas horas bem passadas. 

terça-feira, agosto 19, 2025

Acreditar

O que importa se o dia chegou?
O que importa se nunca virá?
O que importa é aqui e agora,
Toda hora é hora, enquanto eu posso estar.
O que importa se escorregou?
O que importa é se levantar.
O que importa é saber amar.
O estado contente da mente,
Depende somente de acreditar,
Depende da gente, é só acreditar.

- Marisa Monte -

Não fechar os olhos

Não fechar os olhos da mente é algo que (agora) tenho por necessário. Nada é garantido, absolutamente nada. O que é hoje pode não ser amanhã. E o que não for, mas que nós queríamos que fosse, que não aconteça porque estávamos de olhos fechados a pensar que era um dado adquirido. 

Atos Humanos - Han Kang

Este livro da mesma autora de "A vegetariana" é muito cru e muito duro, mas muito bem escrito. A ação passa-se em 1980 durante as manifestações contra o ditador Chun Doo-hwan na cidade de Gwangju, que deu origem a um dos maiores massacres levados a cabo na Coreia do Sul. A história parte de um rapaz Dong-Ho que procura um amigo no meio dos mortos e segue com todos os que se cruzaram com ele naquela fatídica noite. 

A brutalidade humana, a tortura, o stress pós-traumático, a justiça, a luta pelo direito a existir dignamente, o amor, são aqui abordados de forma muito inteligente pela autora que usa uma escrita muito crua e pragmática, mas sem deixar de conferir uma enorme humanidade a todos os personagens, dignificando a memória de quem caiu por terra em todas as ditaduras. 

17/20 

Gerês

Há muito que ameaçava ir ao Gerês mas sem cumprir. Graças ao B acabei por ir este mês e foi muito bom. As paisagens, a paz, as águas. Trago o rio Cabril e o Poço Verde como os lugares de melhor memória, apesar de ter gostado de estar nas cascatas. No meio disto houve boa comida e boas conversas. Mas o mais importante é a paz. Reinou a paz.

quarta-feira, agosto 13, 2025

.

 Acho a maldade gratuita uma coisa feia (ponto).

É só isto

I know where beauty lives
I've seen it once, I know the warmth she gives.
The light that you could never see,
It shines inside you can't take that from me...

#conscienteepresente

Dopamina

A dopamina é um neurotransmissor que desempenha um papel crucial no sistema de recompensa do cérebro, influenciando o prazer, a motivação, a excitação e a sensação de bem-estar. É habitualmente referida como a “hormona da felicidade”. Níveis adequados de dopamina são essenciais para a saúde mental e física, e seu desequilíbrio pode levar a problemas como depressão, ansiedade, problemas de memória, dificuldade de concentração e comportamentos inflamados pela raiva/frustração. 

A dopamina rápida é libertada rapidamente em resposta a estímulos como jogos de vídeo, redes sociais, alimentos açucarados, fast food, drogas/tabaco/álcool, pornografia, scrolling infinito (na web), compras constantes  e outras atividades que proporcionam prazer imediato, mas que podem levar ao vício e à procrastinação.

A dopamina lenta é libertada gradualmente em resposta a atividades que promovem bem-estar a longo prazo, como exercício físico, trabalho focado, ouvir música, ler livros, cozinhar, meditação, passar tempo na natureza, hobbies, etc.


Boas decisões:
Alimentar-se bem, mexer-se, celebrar pequenas vitórias/progressos, dormir bem, ouvir música, aprender coisas novas, meditar/relaxar, conectar com quem se ama (parceiros, amigos, familiares).

Reduzir muito o tempo online, abandonar comportamentos impulsivos (compras e outros), deixar a prática de mexericos, não consumir substâncias psicoativas e evitar alimentação demasiado processada.   




Não há silly season este ano

Este ano não há silly season. Os noticiários estão tomados pelas notícias de incêndios. O que é que os nossos políticos/governantes aprenderam desde 2017? Rigorosamente nada.

terça-feira, agosto 12, 2025

Lições

 "Cair em si talvez seja o melhor tombo da sua vida".

A house is not a home



A house is not a home - Ella Fitzgerald

"A chair is still a chair, even when there's no one sittin' thereBut a chair is not a house and a house is not a homeWhen there's no one there to hold you tightAnd no one there you can kiss goodnight..."

Julie London


Cry me a river - Julie London

Simplesmente adoro esta cantora de voz quente e macia, que tanto sucesso fez nos anos 50. O que eu não sabia é que a canção Cry me a River foi feita para ela. Foi a primeira pessoa a cantá-la e com que elegância o fez. 


segunda-feira, agosto 11, 2025

Irantzu

Passou um ano da morte da Irantzu. Houve uma missa em sua memória e mãe enviou-me o que leu durante essa missa. Uma das coisas que fiquei a saber foi que o dia em que ela morreu estava nublado e chuvoso e quando ela expirou pela última vez, abriu o céu e o sol brilhou. Pode ser uma coincidência, mas a Irantzu era um sol, de certeza que foi ela dizer que estava tudo bem. 

quinta-feira, agosto 07, 2025

Erich Fromm: A arte de amar

“A principal condição para alcançar o amor é superar o narcisismo. A orientação narcisista é aquela em que a pessoa experimenta como real apenas o que existe dentro de si mesma, enquanto os fenómenos do mundo exterior não têm realidade em si mesmos, mas são experimentados apenas do ponto de vista de serem bons ou perigosos para ela. O pólo oposto ao narcisismo é a objetividade; é a faculdade de ver outras pessoas e coisas como elas são, objetivamente, e ser capaz de separar essa imagem objetiva da imagem formada pelos próprios desejos e medos.”

“O amor vivenciado é um desafio constante; não é um lugar de descanso, mas de movimento, crescimento e trabalho conjunto; mesmo quando há harmonia ou conflito, alegria ou tristeza, isso é secundário em relação ao facto fundamental de que duas pessoas se experimentam a si mesmas, em vez de fugirem de si mesmas. Há apenas uma prova da presença do amor: a profundidade da relação e a vitalidade e força em cada pessoa envolvida; este é o fruto pelo qual o amor é reconhecido (...) No amor, ocorre o paradoxo de que dois seres se tornam um e, ainda assim, permanecem dois.”

― Erich Fromm, A Arte de Amar